Brasil não atinge a meta mundial de reduzir em 50% o número de mortes e cerca de 31 mil vidas são perdidas anualmente em decorrência do trânsito brasileiro
Em fevereiro de 2020, durante a Conferência Mundial de Segurança Viária, foi decretada, pela Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), a segunda década para se trabalhar em prol da redução dos acidentes de trânsito.
Na ocasião, também foi renovada a meta da década anterior: redução em 50% do número total de mortes no trânsito em todo o mundo. Esse objetivo, inicialmente estabelecido em maio de 2011, deu início ao movimento “Maio Amarelo” no Brasil.
Coordenado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária, o movimento aborda diferentes temas todos os anos e tem concentrado esforços para a sensibilização da sociedade. Neste 2021, o tema é “Respeito e Responsabilidade: Pratique no Trânsito”.
Em apoio ao movimento, a Suridata uniu dados estatísticos e fatores de risco às estratégias de prevenção de acidentes com base nesses valores – respeito e responsabilidade. Assim, esperamos também contribuir para a obtenção de um trânsito cada vez mais seguro. Vamos lá?
DADOS ESTATÍSTICOS
Segundo a OMS, 1,35 milhão de pessoas morrem todos os anos vítimas de acidentes de trânsito. Também de acordo com a organização, esses acidentes são a principal causa de morte entre os indivíduos de 5 a 29 anos – custando à maioria dos países 3% de seu produto interno bruto (PIB).
No Brasil, de acordo com dados do DataSUS, em 2019 cerca de 31 mil brasileiros perderam suas vidas em decorrência dos acidentes nas ruas e estradas. Na última década, este número vem apresentando redução de aproximadamente 30% – de 43 mil mortes anuais para 31 mil.
Ainda, o último relatório do Observatório Nacional de Segurança Viária*, publicado em junho de 2020, mostrou que 80% dessas vítimas são do sexo masculino. Quanto às categorias: 31% das mortes foram relacionadas a motoristas de motocicletas, 23% motoristas de automóveis, 18% pedestres e 3% ciclistas.
PRINCIPAIS FATORES DE RISCO
Mas, afinal, quais são as causas de tantas mortes anuais? Listamos abaixo os principais fatores de risco para os acidentes de trânsito, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde:
Velocidade – quanto maior a velocidade, maior a distância de parada
Se um automóvel trafega a 80 km/h, por exemplo, ele precisa de 58 metros para frear. Por outro lado, em uma velocidade de 50 km/h essa distância será de apenas 27 metros. Por isso, segundo o “Retrato da Segurança Viária (2017)”**, a redução dos limites de velocidade é uma tendência nas cidades: 47 países já estabeleceram 50 km/h como alvo máximo.
Consumo de bebida alcoólica combinado à direção
Ingerir bebida alcoólica e dirigir aumentam o risco de acidentes. Por esse motivo, no Brasil, foi implantada a Lei Seca em 2008, a qual se propõe por meio dela a tolerância zero ao álcool e direção. Os casos de colisão envolvendo comprovação igual ou superior à 0,3 miligramas de álcool por litro de ar, por exemplo, implicam em infração gravíssima.
Distração ao volante
Um dos principais motivos para a direção distraída é o uso dos celulares. De acordo com a OMS, esse comportamento de risco aumenta 4 vezes as chances de envolvimento em um acidente. Isso porque há uma diminuição do tempo para reação diante de sinalizações e consequentemente frente à necessidade de frenagem.
Não utilização de capacetes, cintos de segurança e cadeiras de proteção para crianças
Todos esses métodos têm comprovada eficácia para redução de morte e ferimentos graves. Veja alguns dados:
- O capacete reduz em 42% o risco de morte, e em 69% as lesões graves;
- O cinto de segurança é capaz de reduzir o risco de morte e lesões em 50% para passageiros dos bancos dianteiros. Para os passageiros de bancos traseiros essa redução é de 25%;
- As cadeiras de segurança para crianças podem reduzir em 60% o número de mortes.
RESPEITO E RESPONSABILIDADE: PRATIQUE NO TRÂNSITO
Entendemos que as ações para prevenir os fatores de risco citados acima devem ser trabalhadas constantemente. Assim, tanto as campanhas educativas, como a fiscalização e a aplicação de penalidades pertinentes, contribuem para a segurança viária.
Porém, é preciso também observar os comportamentos humanos e as tendências da sociedade atual. O Observatório Nacional de Segurança Viária chama a atenção para o momento de discussões pouco respeitosas, que toma conta das redes sociais e consequentemente da vida fora delas.
Dessa forma, seria necessário interromper o ciclo de intolerância que se apresenta nos diálogos e nas diversas formas de interação. O trânsito, por sua vez, é um ambiente de forte interação entre os indivíduos, bem como um lugar onde o clima de dualidade e desrespeito podem custar ainda mais vidas.
Por isso, todos devemos tomar a responsabilidade e o respeito como base para cada ação nas vias públicas. Todos tornam-se responsáveis pela segurança um do outro – e todos exercitam a empatia como forma de respeito ao espaço e à vida do outro.
Venha você também fazer parte desse movimento. E, além de cumprir as leis, pratique o respeito e a responsabilidade como estratégia para prevenção de acidentes no trânsito!
Saiba mais:
Link para o relatório do Observatório Nacional de Segurança Viária: https://www.flipsnack.com/observatorio/relat-rio-anual-2019-t9folli1ci.html
Link para o “Retrato da Segurança Viária (2017)”: https://www.ambev.com.br/conteudo/uploads/2017/09/Retrato-da-Segurança-Viária_Ambev_2017.pdf
Autora: Aline Gomes da Costa