Dezembro Vermelho: além do HIV, quais são as outras infecções sexualmente transmissíveis mais comuns?

Hepatites, Sífilis, Herpes, HPV e HIV são as mais conhecidas doenças transmitidas por meio do contato sexual. No Brasil, a estimativa é de que 1 milhão de pessoas se infectem por ano.

Anteriormente, falava-se em Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), porém o termo foi alterado para que se pudesse destacar a possibilidade de uma pessoa ter o microorganismo e transmiti-lo ainda que não desenvolva nenhum sinal ou sintoma.

Assim, hoje, o conceito de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) refere-se à disseminação de vírus, bactérias e fungos, especialmente, através da relação sexual. No entanto, os agentes causadores dessas doenças também podem ser transmitidos pelo contato com mucosas, durante a gestação, parto ou aleitamento materno.

Diante disto, neste mês a Suridata traz para você um apanhado de informações sobre as ISTs mais prevalentes no Brasil. Saiba como se prevenir, quais são os sintomas, como é feito o diagnóstico e tratamento de cada uma dessas patologias. Vem com a gente!

 

Hepatites Virais

 As Hepatites Virais são infecções causadas por vírus que possuem afinidade por células hepáticas. Dessa forma, afetam diretamente o fígado, causando sinais e sintomas que podem ocorrer de forma aguda ou crônica. Dentre os tipos, a hepatite C é aquela que pode se apresentar de forma crônica em até 10 anos após o contato com o vírus.

  • Microrganismos: vírus da hepatite B, C e D.
  • Sinais e Sintomas: náuseas, vômitos, mal-estar, dor de cabeça, urina escurecida, fezes esbranquiçadas e icterícia (pele e olhos amarelados).
  • Transmissão: contato sexual, sangue contaminado, durante o parto e amamentação de mãe infectada para o recém-nascido e através do compartilhamento de objetos contaminados (agulhas, lâminas de barbear ou depilar, alicates e outros acessórios).
  • Diagnóstico: exame de sangue para detecção de fragmentos do vírus ou de anticorpos. Além disso, desde 2011 o Sistema Único de Saúde (SUS) dispõe de testes rápidos para detecção de hepatites B e C. Basta comparecer a uma Unidade Básica de Saúde (UBS).
  • Tratamento: varia de acordo com os sintomas. Geralmente, é recomendado repouso, hidratação, boa alimentação, suspensão do consumo de bebidas alcoólicas e alguns medicamentos. Casos mais graves podem levar à necessidade de transplante de fígado ou até mesmo à morte.

 

Sífilis

A Sífilis é uma doença bacteriana conhecida há séculos, porém ainda capaz de causar sintomas de gravidade elevada.

  • Microrganismo: bactéria Treponema pallidum
  • Sinais e Sintomas: dependendo do estágio da infecção, a Sífilis pode ser assintomática. Se sintomática, pode se manifestar de duas formas diferentes, conforme as fases da doença. Na sífilis primária, 10 a 90 dias desde o contato com a bactéria, pode haver aparecimento de úlceras com bordas regulares na região da genitália, boca ou outros locais da pele. Essa lesão é denominada “cancro duro” e tende a desaparecer, em geral, de 3 a 8 semanas.

Se não tratada, pode ocorrer a sífilis secundária (6 semanas a 6 meses após o desaparecimento do cancro). Dessa vez, surgem erupções maculares principalmente no tronco e nas extremidades dos membros (região plantar e palmar).

As lesões podem desaparecer novamente com o tempo, causando a falsa sensação de cura. No entanto, posteriormente pode haver consequências mais severas, como: infecções nos olhos, no sistema nervoso e cardiovascular.

  • Transmissão: pode ocorrer durante o contato sexual e durante a gravidez e parto, de mãe para filho.
  • Diagnóstico: deve ser feita a correlação entre os sintomas e o resultado de exames laboratoriais. Nesse sentido, o mais comum são aqueles que detectam anticorpos em amostra de sangue. Podem ser realizados a partir de testes rápidos nas UBS, pelo SUS.
  • Tratamento: a benzetacil (benzilpenicilina benzatina) é o medicamento mais indicado para o tratamento da sífilis, inclusive durante a gestação. De acordo com o estadiamento da doença, poderá ser indicada dose única do medicamento ou esquemas de aplicação que duram até 3 semanas.

 

Herpes genital

É uma infecção causada por vírus. Epidemiologicamente, estima-se que 95% dos brasileiros já tiveram contato com o vírus, que se manifesta durante períodos de “baixa” imunidade. 

  • Microrganismo: vírus HSV tipos 1 e 2
  • Sinais e Sintomas: sabe-se que a maioria das pessoas que adquire o vírus jamais apresentará sinais relacionados à doença. Já os indivíduos que apresentarem os sintomas, normalmente, podem desenvolver lesões e vesículas bastante dolorosas de localização variável: boca e genitais.

No geral, os sintomas surgem em até 12 meses após o contato com o vírus. Posteriormente, o microrganismo permanece em estágio de inativação e poderá ser ativado em situações de imunodeficiência.

  • Transmissão: via contato com as lesões.
  • Diagnóstico: é clínico, ou seja, apenas com o quadro sintomatológico e com o descarte de outras ISTs, o médico poderá estabelecer o diagnóstico.
  • Tratamento: as lesões regridem espontaneamente em torno de 7 a 10 dias, não necessitando de maiores intervenções.

Infecção por Papilomavírus Humano (HPV)

Assim como a Herpes Genital, o microrganismo causador da infecção por HPV é um vírus que ocasiona lesões na mucosa. Porém, neste caso, essas lesões surgem como verrugas e não regridem espontaneamente.

  •  Microrganismo: é causada por muitos tipos de vírus HPV, sendo os tipos 16 e 18 os mais comumente relacionados ao câncer de colo de útero.
  • Sinais e Sintomas: lesões na região do colo do útero e verrugas na região do ânus e genitais.
  • Transmissão: via contato sexual
  • Diagnóstico: diante da suspeita clínica, o médico pode solicitar uma colposcopia, no caso das mulheres, e/ ou biópsia das lesões em ambos os sexos.
  • Tratamento: é individualizado, havendo diversas opções terapêuticas, desde acompanhamento da lesão, passando por medicamentos autoaplicáveis até cauterização e retirada cirúrgica das feridas.
  • Prevenção: desde 2014, está disponível no SUS a vacina para prevenção dos tipos mais relevantes de vírus HPV. São recomendadas duas doses para meninas com idade de 9 a 14 anos e meninos com idade de 11 a 14 anos. Para os adultos, o imunobiológico também pode ser aplicado em redes particulares de saúde, conforme indicação do ginecologista.

 

 

Infecção por HIV

O vírus da imunodeficiência adquirida (HIV) é responsável pela infecção de cerca de 920 mil pessoas no Brasil. O microrganismo atinge a corrente sanguínea e possui afinidade pelas células de defesa, trazendo comprometimento do sistema imunológico do indivíduo.

  • Sinais e Sintomas: o quadro pode ser dividido em duas fases: infecção aguda e síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). Na primeira, os sintomas são bastante inespecíficos, tornando difícil a suspeita diagnóstica nesse momento. Além disso, eles podem surgir entre a primeira e terceira semana após a transmissão.

Já a segunda fase (AIDS), pode demorar anos para se manifestar e, quando surge, apresenta-se através de infecções oportunistas, tuberculose e neurotoxoplasmose, por exemplo, ou ainda por meio de neoplasias  (sarcoma de Kaposi e linfomas não Hodgkin).

  • Transmissão: ocorre, principalmente, pelo contato sexual. Também pode ser transmitida via compartilhamento de seringas, agulhas, contato com sangue contaminado e de mãe para filho, durante a gravidez e amamentação.
  • Diagnóstico: é feito por meio de teste rápido (com saliva ou pequena amostra de sangue) ou através de coleta de fluído sanguíneo. Ambos os exames, disponíveis pelo SUS, buscam identificar anticorpos contra o HIV.
  • Tratamento: é feito com o uso de antirretrovirais, cuja ação permite bloquear a multiplicação dos vírus, ao ponto de se tornarem indetectáveis, evitando assim o enfraquecimento do sistema imunológico.

 

Prevenção das ISTs

 O Ministério da Saúde recomenda o método de prevenção combinada. O termo diz respeito a diversas ações que, a depender do público e da idade, devem ser realizadas concomitantemente. A mandala da prevenção combinada traz de forma gráfica quais seriam todas as ações.

Porém, no geral, podemos destacar as seguintes ações:

  • Adotar prática do sexo seguro (com o uso de preservativos);
  • Realizar testagens regulares para identificação precoce de quaisquer ISTs;
  • Usar a profilaxia pré e pós-exposição (medicamentos para indivíduos em situação de risco aumentado para contaminação por HIV);
  • Imunização para Hepatite B e HPV;
  • Exame preventivo para identificação de lesões por HPV.

E você, quais dessas ações está praticando para uma vida longe das ISTs?

 

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Textos de apoio

Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para atenção integral às pessoas com infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) – Ministério da Saúde – 2022

Cerca de 1 milhão de pessoas contraíram infecções sexualmente transmissíveis no Brasil em 2019 – Ministério da Saúde https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2021-1/maio/cerca-de-1-milhao-de-pessoas-contrairam-infeccoes-sexualmente-transmissiveis-no-brasil-em-2019

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