Cerca de 95% da população já sofreu com ao menos uma crise de cefaleia na vida. Esse é um dos principais motivos para busca por atendimento médico ou para automedicação.
Você conhece alguém que nunca teve dor de cabeça? Pois é, dificilmente encontraremos pessoas livres desse problema. Isso porque a cefaleia (nome técnico) é uma condição cada vez mais frequente, sobretudo devido ao estilo de vida estressante, com rotinas que trazem desequilíbrios ao organismo.
A dor de cabeça acomete 70% das mulheres e 50% dos homens pelo menos uma vez a cada trinta dias. E, no geral, há 13 milhões de brasileiros sofrendo com esse quadro por 15 dias ou mais durante um mês, segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia.
Da dor tensional até à enxaqueca, existem vários tipos de cefaleia com intensidade variável. Pensando na relevância dessa condição para a qualidade de vida da população, a Suridata preparou esse texto com as principais informações acerca da doença. Tipos, causas, diagnóstico, tratamento e prevenção. Vamos juntos?
Principais tipos
As dores de cabeça podem ser classificadas segundo suas causas em: primárias e secundárias. As primárias são as condições em que o sintoma de dor não é relacionado a uma patologia pré-existente. Já as secundárias são aquelas que se manifestam devido a outras doenças, como sinusites, resfriados, meningites, etc.
Quanto às cefaleias primárias, existem inúmeros tipos, porém a tensional, a cefaleia em salvas e a enxaqueca estão entre as mais frequentes. Veja a definição de cada uma delas abaixo:
- Cefaleia tensional
É o tipo mais comum e, como o próprio nome diz, resulta da tensão da musculatura cervical e craniana. Normalmente, é uma dor que se manifesta na nuca ou na região da testa. Em peso ou em aperto, ela envolve ambos os lados da cabeça e sua intensidade vai de leve à moderada. Em geral, não impede a execução de atividades.
- Cefaleia em salvas
A dor é pulsátil e de intensidade forte. Nesse tipo, mais comum em homens, ocorre dor em apenas um dos lados, que pode ser nas laterais, na região frontal, face ou no fundo de um dos olhos.
Também podem ocorrer queda da pálpebra, obstrução nasal e coriza no lado afetado pela dor. As crises são agrupadas, podendo se manifestar mais de uma vez por dia.
- Enxaqueca
É o tipo mais comum em mulheres. Trata-se de um distúrbio crônico de origem neurovascular devido a múltiplas causas. Geralmente, é incapacitante e ocorre de forma unilateral, latejante e com intensidade de média a forte.
Algumas crises são precedidas por alterações visuais, como embaçamento da visão ou aparecimento de pontos luminosos (aura). Outros sintomas comuns são: náuseas, irritabilidade, sensibilidade à luz e ao som.
Causas e fatores de risco
Existem múltiplas causas para o desenvolvimento da cefaleia. O fator genético, inclusive, é descrito como uma predisposição importante, mas que necessita estar atrelado a outros fatores, como:
- Alterações na rotina de sono
- Estresse
- Longos períodos de jejum
- Problemas relacionados à visão
- Abuso de cafeína e açúcar
- Excesso de bebida alcoólica
- Tabagismo
Diagnóstico
O diagnóstico é realizado com base nos sintomas relatados pelo paciente. Assim, na consulta, o especialista buscará determinar o tipo e também as possíveis causas. Por isso, é importante relatar detalhadamente como ocorrem as crises, bem como as frequências e quais seriam os possíveis gatilhos.
O médico pode, nesse momento, solicitar exames como tomografia e ressonância magnética apenas para descartar outras doenças. Na ausência de achados nesses exames, confirma-se a hipótese diagnóstica de cefaleia primária e, a partir disso, um tratamento deve ser proposto.
Tratamento
Nos casos de cefaleia secundária, o tratamento deve ser direcionado para a causa base da dor de cabeça. Porém, nas cefaleias primárias, a terapêutica vai variar de acordo com o tipo, frequência e intensidade da dor.
A cefaleia tensional e de frequência esporádica, por exemplo, costumam ser solucionada com o uso de analgésicos comuns. Algumas pessoas também notam melhora quando fazem atividades que promovam maior relaxamento, como massagem na área afetada ou caminhada.
Já o tratamento para cefaleia em salvas tem como finalidade prevenir novas crises e interromper a dor logo no início da manifestação. Para isso, o médico pode prescrever medicamentos que agem na captação de serotonina, que se encontra em níveis reduzidos nesse tipo de dor. Quanto à prevenção, há uma série de medicamentos que podem ser utilizados diante da devida indicação médica.
Por último, para tratar a crise de enxaqueca, pode ser indicada uma variedade de analgésicos, anti-inflamatórios e triptanos. O importante, para melhores resultados, é se habituar a iniciar o tratamento para a dor tão logo a crise tenha se iniciado para que não haja pioras dos sintomas.
Lembre-se também de que, quando a enxaqueca se manifesta de forma mais frequente (mais de três crises por mês), podem ser prescritos antidepressivos, anticonvulsivantes, anti-hipertensivos e antivertiginosos em doses mais baixas para prevenção de novas crises.
Prevenção
Cuidar da sua qualidade de vida ajudará na prevenção da maioria das crises de cefaleias. Isso porque, como trouxemos acima, as causas e fatores de risco estão relacionados a hábitos cotidianos, como sono, alimentação e rotina. Assim, abaixo listamos algumas ações para evitar novas crises:
- Busque conhecer seu corpo e evite alimentos que funcionem como gatilho para sua dor;
- Estabeleça uma rotina de sono, dormindo e acordando em horários regulares;
- Evite o tabagismo e excesso de bebidas alcoólicas;
- Pratique exercícios físicos e atividades de relaxamento, como yoga e meditação.
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Textos de apoio
Sociedade Internacional de Cefaleia – The International Classification of Headache Disorders – 3rd ed.
https://ihs-headache.org/wp-content/uploads/2021/03/ICHD-3-Brazilian-Portuguese.pdf – Acesso em 27/05/2022
Hospital Albert Einstein – Dor de cabeça
https://www.einstein.br/doencas-sintomas/dor-cabeca – Acesso em 27/05/2022
Sociedade Brasileira de Cefaleia – Diretrizes de tratamento
https://sbcefaleia.com.br/diretrizes.php – Acesso em 27/05/2022
SESI – Aspectos da Enxaqueca no Ambiente de Trabalho
https://www.sesi-ce.org.br/blog/aspectos-da-enxaqueca-no-ambiente-de-trabalho/ – Acesso em 27/05/2022
Sociedade Brasileira de Cefaleia – Ter dor de cabeça é comum, mas não é normal
https://sbcefaleia.com.br/noticias.php?id=2 – Acesso em 27/05/2022
PubMed – My Migraine Voice survey: a global study of disease burden among individuals with migraine for whom preventive treatments have failed.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30482181/ – Acesso em 27/05/2022