Autismo em adultos: a importância do diagnóstico para a saúde mental e para o apoio no processo de inclusão

No mês de abril é comemorado o dia mundial de conscientização sobre o Autismo que tem por objetivo difundir informações para a população sobre o autismo e assim reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas afetadas pelo transtorno.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do desenvolvimento neurológico que afeta as formas de como o indivíduo interage com seus meios social e físico interferindo na capacidade de uma pessoa em se comunicar, interagir socialmente e se comportar de maneira adequada em diferentes contextos sociais.

Algumas das características mais comuns do autismo incluem dificuldades em se comunicar verbalmente ou não verbalmente, dificuldades em interagir socialmente, comportamentos repetitivos ou obsessivos e interesses restritos.

Estas características podem ser percebidas já na primeira infância pelos pais ou cuidadores e, especialistas são capazes de diagnosticar os TEA por volta dos 2 anos de forma confiável e válida, portanto, é importante que os pais e profissionais estejam atentos a esses sinais.

Mas e quando o indivíduo não é diagnosticado ou o diagnóstico ocorre tardiamente? Quais os impactos, características dos indivíduos e as dificuldades dentro do mercado de trabalho que permeiam o dia a dia destes indivíduos?

Vamos falar sobre alguns deles?

 

Qual a prevalência do autismo?

Segundo dados atuais do Centers for Disease Control and Prevetion (CDC), a prevalência do TEA é de cerca de 1 em 36 crianças em diferentes intensidades e ocorre em todos os grupos raciais, étnicos e socioeconômicos, sendo 4 vezes mais prevalente em meninos do que em meninas.

No Brasil, infelizmente até o momento, não há estudos de prevalência do autismo realizado em larga escala. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fez a inclusão de uma pergunta sobre autismo no questionário de coleta de dados para o Censo de 2022.

Diagnóstico precoce e sua importância na infância primeira infância

O diagnóstico precoce é essencial para garantir o acesso a intervenções mais eficazes que podem ajudar a melhorar a qualidade de vida da pessoa com autismo maximizando seus potenciais, e possibilitando uma melhor qualidade de vida desde a infância até a vida adulta, porém chegar a este diagnóstico pode ser um processo complexo.

Os sintomas do autismo podem variar de leves a graves e se manifestar de maneiras diferentes em cada pessoa sendo necessária a avaliação de múltiplos aspectos do desenvolvimento e do comportamento de cada indivíduo.

Embora não haja um único teste para diagnosticar o autismo, existem várias ferramentas de avaliação e critérios diagnósticos que podem ser usados pelos profissionais de saúde e educadores para determinar se uma pessoa tem autismo.

 

Autismo em adultos

O Autismo geralmente é diagnosticado na infância, porém muitas pessoas com autismo não recebem um diagnóstico até a idade adulta. Isso pode ser devido a uma variedade de fatores, incluindo falta de conscientização sobre o autismo em adultos, estigma e discriminação.

Embora muitos adultos com autismo possam ter aprendido a lidar com seus desafios, a condição pode continuar a afetar sua vida de muitas maneiras.

Uma das principais preocupações para adultos com autismo é o acesso a cuidados de saúde mental. Muitos profissionais de saúde mental têm pouco conhecimento sobre o autismo em adultos e podem ter dificuldade em reconhecer os sintomas e fornecer um diagnóstico preciso. Além disso, muitas pessoas com autismo relatam ter dificuldade em encontrar terapeutas e outros profissionais que entendam suas necessidades específicas.

Algumas características do autismo também em adultos:

Dificuldades de comunicação: Algumas pessoas com autismo têm dificuldade em entender e usar a linguagem, enquanto outras podem ser fluentes na linguagem, mas têm dificuldade em entender a linguagem não verbal e as sutilezas da comunicação como figuras de linguagem e frases com mais de duplo sentido, por exemplo.

Dificuldades sociais: Algumas pessoas com autismo podem ter dificuldade em entender as normas sociais e em se relacionar com outras pessoas. Eles podem ter dificuldade em entender as emoções dos outros e em expressar suas próprias emoções.

Comportamentos repetitivos: Algumas pessoas com autismo podem ter comportamentos repetitivos, como balançar o corpo, bater as mãos ou repetir palavras ou frases.

Interesses restritos: Algumas pessoas com autismo podem ter interesses restritos e podem se envolver intensamente em um único assunto ou atividade.

Sensibilidade sensorial: Algumas pessoas com autismo podem ser sensíveis a estímulos sensoriais, como luzes brilhantes, sons altos ou texturas incomuns.

Por que o diagnóstico é importante para a saúde mental, mesmo na fase adulta?

Além de possibilitar o tratamento adequado, o diagnóstico correto é fundamental para que ocorra o apoio necessário ao indivíduo.

Muitas vezes o indivíduo adulto sem o correto diagnóstico acumula ao longo da vida diversos prejuízos sociais e acadêmicos que podem desencadear outros transtornos.

Não é incomum adultos com TEA com e sem diagnóstico, apresentarem comorbidades associadas como: ansiedade, depressão, transtornos do sono, TDAH entre outros, sendo cada vez mais estudado o aumento da incidência de suicídio de indivíduos diagnosticados com TEA.

Diante disso, dentre os outros benefícios, o correto diagnóstico na fase adulta pode fechar um longo ciclo de incompreensão acerca da própria existência, preferências e atitudes.

Autismo e o mercado de trabalho

Outra questão importante é a inclusão no local de trabalho. Muitos adultos com autismo têm habilidades únicas e talentos, mas podem enfrentar discriminação no mercado de trabalho devido a estereótipos e preconceitos. No entanto, algumas empresas estão começando a reconhecer o valor da diversidade e a oferecer oportunidades de emprego para adultos com autismo.

É importante lembrar que o autismo é uma condição ampla e variada, e que cada pessoa com autismo é única. Algumas pessoas com autismo podem ter dificuldade em se comunicar verbalmente, enquanto outras podem ter dificuldade em entender as emoções dos outros. Alguns podem ter interesses intensos e restritos, enquanto outros podem ter dificuldade em lidar com mudanças na rotina. É importante tratar cada pessoa com autismo com respeito e individualidade.

Em resumo, o autismo em adultos é uma questão importante que precisa de mais conscientização e compreensão. Com uma maior conscientização e apoio, adultos com autismo podem ter uma vida plena e significativa, com acesso aos cuidados de saúde mental, empregos inclusivos e apoio comunitário.


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