Passamos a metade de janeiro de 2023 e as conhecidas “promessas de ano novo” ainda não saíram da gaveta. Alimentação saudável, exercícios físicos, um novo curso e meditação: você já parou para pensar porquê as pessoas possuem tanta dificuldade para cumprir as novas resoluções de vida?
Pois é, buscando responder essa pergunta, reunimos neste texto algumas reflexões sobre os motivos pelos quais você pode estar, há anos, com o mesmo estilo de vida, ainda que tenha tentado se reorganizar a cada 365 dias. Então, se quiser saber mais sobre isso, vem com a gente!
Percentual de pessoas que conseguem cumprir as metas de início do ano
Um estudo realizado em 2007 com 3000 participantes na Universidade de Hertfordshire, na Inglaterra, mostrou que, embora 52% dos entrevistados estivessem confiantes, apenas 12% do grupo conseguiu se manter constante nas promessas e alcançar seus objetivos após 12 meses.
A pesquisa também apontou para uma diferença entre homens e mulheres. Eles alcançaram mais suas metas ao serem mais específicos, por exemplo: em vez de apenas “perder peso”, estabeleciam “perder 1 kg por semana”. Já as mulheres se tornaram mais propensas ao cumprimento quando compartilharam seus objetivos com amigos e familiares.
No entanto, uma pesquisa mais otimista, conduzida pela Ipsos, uma empresa especialista em pesquisa de mercado, publicou que 45% dos americanos que fizeram alguma resolução para 2019 afirmaram ter mantido pelo menos uma à medida que o final do ano se aproximava.
O interessante deste ponto é notar que os respondentes sinalizaram que ao menos um objetivo havia sido alcançado, ou seja, o fato de canalizar energias a poucos ou até a uma única meta pode trazer resultados mais satisfatórios.
Mas além de possivelmente focar em diversas metas ao mesmo tempo, dispersando energia, por que grande parte dessas pessoas não cumprem seus objetivos? Abaixo listamos seis possíveis causas.
Cinco causas possíveis para não cumprimento de metas
Não estabelecer metas claras, palpáveis e executáveis
Muitas vezes incorremos no erro da falta de especificidade. Quer ver? Você estabelece que vai começar a praticar corrida de rua, por exemplo, essa é uma de suas metas. Mas os dias vão avançando e nada aconteceu. E se você estivesse estabelecido que iria praticar corrida de rua às segundas e quartas, às 19h00, ao redor do quarteirão de sua casa? O objetivo se tornou mais palpável, certo?
Por isso, sugerimos que você escreva exatamente o que vai fazer, onde, quando e como. Quanto mais específico você for, menos margem para dúvidas e imprevisibilidades no decorrer do dia a dia você estará suscetível.
Outro problema dentro deste tópico seria o estabelecimento de metas inalcançáveis. Utilizando o mesmo exemplo, imagine que, apesar de sedentário e sem uma rotina muito clara para exercícios, você defina que irá correr todos os dias às 19h00 e que ao final de 2 meses fará uma corrida de 15 km.
Perceba que as chances de não cumprimento e frustração, diante disso, são imensas. Isso porque você precisa realizar alguns testes de rotina, bem como necessita de adaptação e avaliação frequente diante do novo hábito. O ideal, aqui, seria definir metas mais curtas e visíveis para que aos poucos você avalie seu desempenho.
Não acompanhar o progresso
E por falar em avaliar o desempenho, você se recorda dos objetivos traçados no início de 2022? É muito provável que não, pois, rotineiramente tomamos uma decisão e não a analisamos de forma crítica periodicamente.
Por exemplo, você definiu que vai reservar 10% de seu salário todos os meses, entretanto adentramos em fevereiro, março, os gastos não reduziram e você, a essa altura, mal se lembra de que se comprometeu com esse novo hábito. Ou seja, com o passar do tempo, tendemos a esquecer as metas e os motivos pelos quais elas são importantes.
Pesquisadores brasileiros apontaram 64% das pessoas abandonam o programa de exercícios físicos na academia no terceiro mês e apenas 3,7% permanecem por mais de 12 meses. No mesmo sentido, a Foursquare, um aplicativo de localização, percebeu que as idas às academias tendem a retornar a níveis normais em meados de fevereiro.
Por isso, ressaltamos que é importante revisitar suas metas e as razões que fizeram você optar por essa mudança, certo? E, agora, a boa notícia é que quanto mais você monitorar e praticar o novo hábito, mais motivado ficará para seguir em frente.
Somos seres programados para poupar energia
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 4 a 5 milhões de mortes poderiam ser evitadas se a população global praticasse exercícios físicos. No Brasil, 46% das pessoas são sedentárias, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Você pode imaginar o motivo? Olha só, pesquisadores da Universidade Simon Fraser, no Canadá, realizaram uma pesquisa sugerindo que seres humanos são biologicamente preguiçosos. A pesquisa apontou que o sistema nervoso reprograma padrões de atitude com foco em gastar o mínimo de energia possível.
A conclusão é útil tanto para analisarmos o porquê não conseguimos praticar exercícios físicos, quanto para perceber o quão complicado é criar um hábito como o de leitura, por exemplo. Ambos exigem maior metabolismo e gasto energético.
Logo, lembre-se que vencer a resistência habitual do seu sistema nervoso exigirá muito foco no propósito e resiliência para o dia a dia.
Ausência de autocompaixão frente ao não cumprimento de metas
Sabe aquele momento em que você percebe que, novamente, caiu em um mau hábito? O primeiro sentimento é o de culpa. Você pode até pensar que tal situação nunca vai mudar, que você não tem jeito e, assim, sua autoconfiança vai toda por água abaixo.
Toda essa condenação pode ser responsável por você abandonar de vez a tentativa de mudança de comportamento. Por isso, é importante exercitar a autocompaixão diante dessas situações.
Você deve dizer a si mesmo que, por estar há tanto tempo com o hábito indesejado, era natural que por vezes voltasse a acontecer. Compreenda a si mesmo e pense como pode continuar a partir desse momento de recaída, olhando para seu alvo.
Além disso, é imprescindível, nessas situações, trabalhar o autoconhecimento e compreender a causa que motiva o hábito indesejado. Ansiedade, cansaço, estresse e medo são exemplos de situações que podem servir de gatilhos para comportamentos que você deseja modificar.
Não priorizar objetivos com impacto em todos os campos da vida
A essa altura do texto falamos dos principais pontos de atenção ao se tratar quaisquer planejamentos de metas. Você deve, então, analisar seus últimos anos, seu objetivo futuro de vida e, com calma, traçar suas ações. Porém, lembre-se que quanto mais metas, mais difícil será direcionar energias para todas.
Nesse sentido, que tal priorizar uma ação com grande impacto em todas as frentes de suas vida? Uma vez que seria difícil trabalhar diversos objetivos no ano, metas relacionadas à saúde física, mental e, por que não, financeira são exemplos de ações que vão impactar positivamente toda sua vida.
Ao ter mais saúde, você terá mais disposição, bom humor, autoestima, trazendo assim efeitos importantes para sua vida profissional, social e familiar. Da mesma forma, podemos pensar nas finanças, pois promovendo uma melhoria nesse setor, você poderia investir em outras frentes, como estudos e lazer.
Por fim, 2023 pode ser um ano diferente?
Por mais que seja um período em que nos tornamos cheios de esperança, o fato de termos avançado de 2022 para 2023 não possui impacto algum no modo como você leva sua vida.
Mas a boa notícia é que o responsável por conduzir as mudanças, quando necessárias, é você! Então, reflita com autocompaixão e calma: esse ano será diferente?
Compartilhe esse texto com familiares e amigos para que eles também façam um bom ano!
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Textos de apoio
New year’s resolution project – Richard Wiseman – Acesso em 13/01/2023 http://www.richardwiseman.com/quirkology/new/USA/Experiment_resolution.shtml
Almost half of people stick to a New Year’s resolution – The economist – Acesso em 13/01/2023
Na era fitness apenas 3,7% dos alunos permanecem um ano na academia – Gazeta do Povo – Acesso em 13/01/2023 https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/na-era-fitness-apenas-37-dos-alunos-permanecem-um-ano-na-academia-8tzhbmlrjduld8def5tvgqw0k/
Humanos são programados para serem preguiçosos – G1 – Acesso em 13/01/2023 https://g1.globo.com/bemestar/noticia/2015/09/humanos-sao-programados-para-serem-preguicosos-sugere-estudo.html