Transtornos mentais na infância e adolescência

Sofrimentos psíquicos não tratados podem resultar em suicídio – apontado pela Organização Mundial de Saúde como a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos no mundo. 

A infância e, sobretudo, a adolescência são períodos de intensas mudanças corporais e emocionais. Essas alterações estão relacionadas a diferentes modificações fisiológicas em função de garantir amadurecimento físico e psíquico.

No entanto, essas fases também podem apresentar maior risco para desenvolvimento de transtornos mentais. O agravante é que os sintomas iniciais, por sua vez, podem ser negligenciados devido ao senso comum de que algumas alterações comportamentais são naturais para crianças e jovens.

Por isso, para finalizar o Setembro Amarelo – Mês de Prevenção ao Suicídio, a Suridata preparou esse texto com dados estatísticos, fatores de risco, principais distúrbios e prevenção dos transtornos mentais na infância e adolescência. Vamos aos próximos tópicos para saber mais?

Dados estatísticos

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), um em cada em cada sete jovens de 10 a 19 anos apresenta um transtorno mental. Além disso, sabe-se que a depressão, ansiedade e distúrbios comportamentais estão entre as principais causas de doença e incapacidade entre os adolescentes.

No Brasil, a pesquisa “Violência autoprovocada na infância e na adolescência”, conduzida pela Fiocruz, identificou 15.702 notificações de atendimento ao comportamento suicida entre 2011 a 2014. 

Pôde-se, através desse estudo, conhecer o perfil do comportamento suicida. Há, então, predomínio do grupo etário de 15 a 19 anos (76,4%), sexo feminino (71,6%) e raça/cor da pele branca (58,3%). A residência foi o local onde se percebeu maior número dessas ocorrências e o meio mais utilizado foi envenenamento (78%).

Fatores de risco para transtornos mentais na infância e adolescência

Os transtornos mentais em crianças e adolescentes podem ser causados por fatores genéticos, biológicos ou psicossociais. Os fatores genéticos são reconhecidos diante do histórico familiar de transtorno mental, já os biológicos estão relacionados a condições fisiológicas, como lesões cerebrais, infecções, desnutrição e uso de drogas.

Por fim, os fatores psicossociais englobam condições ambientais que causam estresse ao indivíduo. Quanto mais fatores estressantes na infância e adolescência, maior o impacto na saúde mental. Abaixo listamos algumas situações que podem contribuir para o estresse durante essas fases:

  • Pressão para pertencer a um grupo;
  • Influência da mídia e redes sociais para alcance de padrões e normas de gênero;
  • Baixa qualidade de vida em casa;
  • Relações disfuncionais com os familiares;
  • Violência (especialmente violência sexual e bullying);
  • Educação severa ou ausente;
  • Problemas socioeconômicos;
  • Gravidez e casamentos precoces e/ou forçados.

 

Sinais e sintomas de transtornos mentais na infância e adolescência

Uma vez que a infância e a adolescência são fases de intensas modificações fisiológicas e psíquicas, é necessária uma observação atenta e cuidadosa para perceber alterações mais graves no padrão de comportamento. 

Assim, alguns sinais que, se constantes, podem servir de alerta são:

  • Isolamento;
  • Impulsividade;
  • Tristeza ou raiva constante;
  • Distorção de imagem corporal;
  • Alterações de apetite;
  • Diminuição ou ausência de autocuidado;
  • Dificuldade de relacionamento com pessoas da mesma idade;
  • Crises de raiva;
  • Baixa auto-estima;
  • Atração por comportamentos de risco;
  • Queda no desempenho escolar;
  • Automutilação.

É importante reforçar que a apresentação desses sinais não possui relação automática com os diagnósticos de transtornos mentais, mas, sim, serve de sinalizador de que a criança ou o adolescente precisam de ajuda para lidar com alguma crise ou problema existente.

Transtornos mentais mais comuns em crianças e jovens

Muitos distúrbios mentais da idade adulta possuem origem na infância e adolescência. Por isso, deve-se priorizar a identificação precoce de alterações psíquicas, permitindo tanto o não agravamento da situação, como uma resolução mais efetiva do problema. 

No campo da saúde mental, as doenças mais diagnosticadas comumente em crianças e jovens são: 

  • Transtornos de ansiedade
  • Transtornos depressivos
  • Transtornos do humor
  • Transtorno obsessivo-compulsivo
  • Transtornos comportamentais disruptivos (transtorno de déficit de atenção/hiperatividade [TDAH], transtorno de conduta e transtorno desafiador opositivo etc.)

Os quadros acima podem afetar profundamente o desempenho e a frequência escolar, agravando, muitas vezes, o estado de isolamento do indivíduo. Logo, é imprescindível uma abordagem terapêutica especializada que entenda as causas do problema e, assim, supra às necessidades de forma integrada.

Promoção de saúde mental em crianças e jovens

Para prevenir transtornos mentais deve-se fortalecer as ações de promoção da saúde mental. Nesse sentido, deve-se focar em iniciativas que fortaleçam a capacidade do indivíduo de controlar as emoções e construir resiliência para lidar com situações difíceis.

Além disso, é imprescindível a manutenção de ambientes e redes sociais de apoio saudáveis. Ou seja, deve ser garantida uma residência com dinâmica familiar funcional e que atenda as demandas fisiológicas, como alimentação, sono e segurança. 

Quanto à educação, as escolas devem ser lugares de incentivo a convivência harmoniosa entre os grupos, evitando violências físicas e psicológicas.

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Textos de apoio

  1. Adolescent mental health – OMS (acesso em 23/09/2022)

https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/adolescent-mental-health

  1. Perfil do comportamento suicida entre jovens – Fiocruz (acesso em 23/09/2022)

https://portal.fiocruz.br/noticia/pesquisa-analisa-o-perfil-do-comportamento-suicida-entre-jovens

  1. Visão geral dos transtornos mentais em crianças e adolescentes (acesso em 23/09/2022)

https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/transtornos-mentais-em-crianças-e-adolescentes/visão-geral-dos-transtornos-mentais-em-crianças-e-adolescentes

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