Cerca de 1 em cada 5 pessoas sofre com obesidade no Brasil. Como tratamento, a cirurgia bariátrica pode se tornar parte integrante, porém não é a solução única e final para o problema.
A última pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), realizada em 2021, pelo Ministério da Saúde, apontou um índice de obesidade no Brasil de 22,35%. No ano anterior, esse número foi de 21,55%.
A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. O quadro aumenta o risco de desenvolvimento de Diabetes, Hipertensão, desequilíbrio nos níveis de colesterol, Acidente Vascular Cerebral, Infarto Agudo do Miocárdio e pode estar associado a alguns tipos de câncer.
Para os casos mais graves, há possibilidade de inclusão da cirurgia bariátrica como parte do tratamento da obesidade, desde que haja indicação adequada. Além disso, deve-se estar atento ao preparo cirúrgico com abordagem multiprofissional, buscando, assim, evitar as chances de insucesso do procedimento.
Diante disso, preparamos esse texto com tudo o que você precisa saber sobre cirurgias bariátricas: número de cirurgias no Brasil, indicações, contraindicações, tipos de cirurgias, cuidados e possíveis complicações. Quer saber mais? Vem com a gente!
Número de cirurgias bariátricas no Brasil
Segundo as últimas estimativas publicadas pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), foram realizadas 68.530 cirurgias bariátricas, em 2019, um ano antes da pandemia. O número é 7% maior que em 2018, quando foram feitos 63.969 procedimentos.
Das cirurgias realizadas em 2019, a maioria é proveniente de planos de saúde (52.699), em segundo lugar estão as cirurgias realizadas através do Sistema Único de Saúde (12.568) e o restante são de fontes particulares (3.263).
Critérios para indicação da cirurgia bariátrica
O procedimento cirúrgico pode se tornar parte integrante do tratamento da obesidade. Nesse sentido, as portarias 424 e 425 do Ministério da Saúde descrevem que o tratamento da obesidade deve ser prioritariamente baseado na promoção da saúde e no cuidado clínico longitudinal.
Em outras palavras, deve-se priorizar um plano terapêutico holístico que trate o indivíduo tanto física, quanto social e psicologicamente. Assim, o Ministério da Saúde reforça que a cirurgia é indicada em apenas alguns casos, cujos critérios são:
- Pessoas que apresentem IMC maior ou igual a 50 Kg/m²;
- Pessoas que apresentem IMC maior ou igual a 40 Kg/m², com ou sem comorbidades, sem sucesso no tratamento clínico longitudinal, por no mínimo dois anos e que tenham seguido protocolos clínicos;
- Indivíduos com IMC maior que 35 kg/m2 e com comorbidades (pessoas com alto risco cardiovascular, Diabetes Mellitus e/ou Hipertensão Arterial Sistêmica de difícil controle, apneia do sono, doenças articulares degenerativas) e que também não tenham tido sucesso no tratamento clínico longitudinal realizado por no mínimo dois anos, seguindo os protocolos clínicos.
Contraindicações para cirurgia bariátrica
Segundo o Ministério da Saúde e a SBCBM, em alguns casos não se deve realizar o procedimento cirúrgico, como:
- Pessoas com deficiência intelectual significativa;
- Pessoas sem suporte familiar adequado;
- Indivíduos com quadro de transtorno psiquiátrico não controlado, incluindo uso de álcool ou drogas ilícitas;
- Algumas doenças, como: doenças cardiopulmonares graves que influenciam no risco-benefício, hipertensão portal, doenças imunológicas ou inflamatórias do trato digestivo superior e outras.
Tipos de cirurgia bariátrica
Todos os tipos de cirurgia bariátrica possuem como objetivo a redução do estômago. No entanto, cada tipo de procedimento possui riscos e benefícios diferentes, por isso é importante que para cada indivíduo seja decidido, particularmente, qual a melhor opção.
Abaixo, descrevemos os dois tipos mais comuns:
- Bypass gástrico
Nessa técnica, o médico faz uma incisão na porção superior do estômago, separando-o do resto do órgão. Em seguida, uma parte do intestino delgado é ligada diretamente na bolsa superior do estômago, fazendo com que a comida ingerida siga um caminho menor até o intestino.
- Gastrectomia vertical
Com a gastrectomia vertical, cerca de 80% do estômago é removido, deixando uma bolsa longa semelhante a um tubo no lugar. Esse novo estômago não é capaz de reter tanta comida e, além disso, produz menos grelina, o hormônio regulador do apetite.
Preparo para cirurgia bariátrica
Entre os critérios descritos acima, para que a cirurgia seja indicada, é necessário que o indivíduo esteja obeso há, no mínimo, 2 anos e que tenha sido submetido a outras alternativas para perder peso, sem alcançar resultados – como seguir uma dieta equilibrada e praticar exercícios físicos.
Essa etapa é importante porque a cirurgia envolve riscos, como falaremos mais à frente, bem como exige adaptações de estilo de vida que, se incluídas de forma abrupta, podem resultar em retorno à obesidade pós cirúrgica.
Por isso, o paciente deve ser avaliado por uma equipe multiprofissional: médicos, psicólogos e nutricionistas, por exemplo. Esses especialistas têm o objetivo de ajudar a pessoa com obesidade a reduzir o peso de forma clínica e não invasiva.
Por fim, se necessário, o paciente será avaliado por um cirurgião, que fará a indicação da técnica cirúrgica e explicará os riscos e benefícios para cada paciente.
É importante reforçar que a cirurgia bariátrica não é a resposta final para obesidade mas, sim, a continuidade de um tratamento. Logo, todas as orientações de adequação alimentar, emocional e física devem ser seguidas antes e após o procedimento, durante toda a vida.
Riscos da cirurgia bariátrica
Embora a complexidade do procedimento seja elevada, as chances de complicações são de 2 a 5%. As principais são:
- Formação de fístulas, que são vazamentos formados a partir do rompimento de grampos utilizados no estômago ou intestino;
- Entupimento de vasos sanguíneos do pulmão, conhecidos como embolia pulmonar;
- Infecção devido à exposição do corpo durante a cirurgia;
- Sangramento no local da operação;
- Alterações gastrointestinais, como vômitos, diarreia e fezes com sangue;
- Deficiências nutricionais, que podem resultar em anemias e desnutrição nos casos mais graves.
Além disso, deve-se considerar o risco de recuperação do peso após a cirurgia. Isso pode acontecer caso não sejam seguidas as mudanças de estilo de vida recomendadas.
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Textos de apoio
Organização Mundial de Saúde – Número de pessoas com obesidade no mundo
VIGITEL BRASIL 2021 – estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/publicacoes-svs/vigitel/vigitel-brasil-2021-estimativas-sobre-frequencia-e-distribuicao-sociodemografica-de-fatores-de-risco-e-protecao-para-doencas-cronicas/view
Portaria 424 – Ministério da Saúde sobre tratamento da obesidade
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0424_19_03_2013.html
Portaria 425 – Ministério da Saúde- Ministério da Saúde sobre procedimentos para tratamento da obesidade
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0425_19_03_2013.html
Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica – Cirurgia bariátrica
Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) – Número de cirurgias
https://www.sbcbm.org.br/cirurgia-bariatrica-cresce-8473-entre-2011-e-2018/